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11 years ago

Sob o Olhar da Eternidade (Parte 2)

Meus profundos agradecimentos àqueles que me deram a honra de me ler até aqui! Vamos em frente, neste texto um tanto crítico, outro tanto irônico, onde Milton, uma pessoa tão comum e tão desalentada pela realidade crua quanto muitos de nós, mergulha em um mundo de paranóia, ciência, e conspirações, tentando encontrar a si mesmo dentro de um prisão que ele crê eterna!

Leia a Parte 1 de "Sob o Olhar da Eternidade"

Qual a Probabilidade?

Milton comprou, à prestação, um fotômetro. O mais preciso que o Google conseguiu lhe indicar. Ajustou o aparelho, e começou, dia após dia… Ou melhor, nas repetições daquele dia, ele começou a tentar pegar o raio de luz que lhe cegava. Mas o Universo, como da hábito, não pretendia entregar seus segredos sem lutar, e as mesmas coincidências que o levavam a ser cegado pelo reflexo na cúpula de vidro agora o tiravam, diligentemente, do alvo.

— Você mora perto da minha casa, não? — Disse-lhe sua vizinha, subindo ao seu lado a escada rolante para a plataforma do trem, em Madureira, quando ele ia para o trabalho.

Era inacreditável, mas o fato de ele saber que o dia se repetia deveria estar causando flutuações mais intensas na realidade, pois lá estava, bem ao lado dele, a mulher que tanto o atraia, e que jamais havia percebido a existência de Milton, e agora não só estava a menos de um metro dele, mas também tomou a iniciativa de puxar assunto. Antes mesmo que ele pudesse responder, ela riu, sem jeito, e foi dizendo:

— Desculpe, não me entenda mal. Quero dizer… — Riu de novo, ainda mais sem graça. — Mas somos vizinhos, não somos?

— Você é muito lind… — Engolindo de volta o que tentou dizer em um ato falho, Milton engasgou ligeira mas visivelmente, tentando também consertar o dito: — Minha vizinha, sim, você é minha vizinha.

— Eu sabia! — Ela sorria. — Meu ônibus enguiçou, tive que pegar o trem. Não costumo fazer isso, mas como eu sei que você é um cara gentil, eu, meio louca, sei lá, perguntei antes de perceber que isso iria ficar estranho.

Milton comprou, à prestação, um fotômetro. O mais preciso que o Google conseguiu lhe indicar. Ajustou o aparelho, e começou, dia após dia… Ou melhor, nas repetições daquele dia, ele começou a tentar pegar o raio de luz que lhe cegava. Mas o Universo, como da hábito, não pretendia entregar seus segredos sem lutar, e as mesmas coincidências que o levavam a ser cegado pelo reflexo na cúpula de vidro agora o tiravam, diligentemente, do alvo.

— Você mora perto da minha casa, não? — Disse-lhe sua vizinha, subindo ao seu lado a escada rolante para a plataforma do trem, em Madureira, quando ele ia para o trabalho.

Era inacreditável, mas o fato de ele saber que o dia se repetia deveria estar causando flutuações mais intensas na realidade, pois lá estava, bem ao lado dele, a mulher que tanto o atraia, e que jamais havia percebido a existência de Milton, e agora não só estava a menos de um metro dele, mas também tomou a iniciativa de puxar assunto. Antes mesmo que ele pudesse responder, ela riu, sem jeito, e foi dizendo:

— Desculpe, não me entenda mal. Quero dizer… — Riu de novo, ainda mais sem graça. — Mas somos vizinhos, não somos?

— Você é muito lind… — Engolindo de volta o que tentou dizer em um ato falho, Milton engasgou ligeira mas visivelmente, tentando também consertar o dito: — Minha vizinha, sim, você é minha vizinha.

— Eu sabia! — Ela sorria. — Meu ônibus enguiçou, tive que pegar o trem. Não costumo fazer isso, mas como eu sei que você é um cara gentil, eu, meio louca, sei lá, perguntei antes de perceber que isso iria ficar estranho.

— Não ficou. Não, não ficou. Somos vizinhos, devemos nos conhecer. — A pasta tiracolo dele escorregou de seu ombro, e Milton a ajeitou. — Tudo anda tão louco, que é bom saber que pessoas conhecidas estão por perto… Ei, desculpe perguntar, mas como sabe que eu sou gentil?

— As pessoas falam. — Ela estava estonteante, arrumada para o trabalho, elegantemente e sutilmente sensual. Devia ser advogada, ou algo assim, ele pensava.

— Pessoas?

E dali em diante ficava fácil deduzir o por que fez ele não ter conseguido medir o reflexo luminoso, de novo. Na verdade ele nem lembrou do flash até chegar ao Centro do Rio. Sua vizinha, que se chamava Rheny Alencar Roussel, explicou a ele sobre como as senhoras da vizinhança, que gostavam dela pois todos os sábados Rheny jogava cartas com elas, haviam colocado Milton na lista de boas e más pessoas das redondezas, enquanto fofocavam inofensivamente entre si. Ele era uma das pessoas boas. Uma certa senhora do grupo, que Steinberg sempre achou que não gostava muito dele, o viu respondendo aos acenos de crianças dentro um ônibus que agitavam as mãozinhas nas janelas (quando acenam para você, é educado, ele achava, acenar de volta, especialmente quando se percebe a alegria inocente dos pequenos) em uma rua próxima, deixando-as risonhas e felizes.

Milton jamais imaginaria que ele pudesse estar em uma lista dessas, no lado das boas pessoas, e se sentiu feliz com aquilo. Tão feliz que, ao se despedir de Roussel, sem, no entanto, reunir coragem para pedir a ela um telefone ou algo assim, subitamente se deu conta de que havia esquecido de medir o reflexo luminoso!

Na tentativa seguinte, exatamente quando Milton levantava o fotômetro, um sujeito lhe disse que estava perdido, que precisava ir ao Centro mas que não sabia se estava indo na direção certa, pois era de fora do Rio, e estava ali para buscar uma irmã, que ele não via há quase vinte anos, e etc e tal, e pronto, lá se foi sua chance naquela manhã de medir o foco luminoso.

No dia posterior Steinberg estava tentando, dentro do vagão em movimento, acionar o aparelho de medição sem tirá-lo da bolsa, pois nos dias anteriores achou que os seguranças da linha férrea o estavam olhando torto, talvez estranhando que ele andasse apontando aquele aparelho para lá e para cá, enquanto o calibrava. Milton, portanto, passou a tirar o fotômetro só quando estava chegando perto do ponto onde a luz o atingia. Mas enquanto tentava acionar o aparelho que, por alguma razão misteriosa não queria ligar, ele foi abordado pelo pedinte ranzinza, que o cutucou com uma caneca, e disse:

— Qualquer dez centavos serve.

— Hein? Ah, sim. Eu não tenho.

— Você nunca tem.

Milton ficou olhando para o pedinte, um senhor de certa idade, sem saber o que dizer além de um xingamento, que, em verdade, ele preferia não dizer. Steinberg não era muito velho, mas era do tempo em que não se xingava tão levianamente quanto hoje em dia. Então, subitamente, o homem preso em um único dia se viu perguntando ao mais velho:

— Para quê o senhor quer dinheiro?

— Estudar.

— C-como? O que você disse?

— Isso que você ouviu, rapaz. Na verdade eu sempre explico, mas você é um daqueles muitos que não escutam, que não querem escutar, ou estendem a mão e deixam cair seus trocados aqui na caneca, — a peça de plástico se agitou e tilintou na mão dele — ou fingem que não me viram. Uns poucos me dizem um mais cortês não. Você sempre me diz não, mas pelo menos fala comigo.

— Me… Desculpe.

O velho deu de ombros e prosseguiu, animado em conversar:

— Lembra do cara que morava na rua e que estudou e passou para o concurso do Banco do Brasil?

— Ouvi falar…

— Pois é. Eu já fui professor, agora moro na rua, junto com outras pessoas em um buraco na estação de Madureira. Mas acho que posso sair dessa, seguindo o exemplo daquele homem, estudando.

— Professor? — Milton ficou com a impressão que conhecia o velho pedinte, e essa impressão deve ter transparecido em seu rosto, pois o outro foi dizendo:

— Sim, eu fui seu professor no ginásio. Eu nunca esqueço um rosto, eu acho que você era o… Rosemberg?

— Steinberg. Português? O senhor ensinava português?

— Estudos sociais.

— Como? Quero dizer, como isso aconteceu, professor?

— A profissão já não tem muito prestígio no país no futuro, sabe como é. O país das desgastadas chuteiras tem tudo para ser o país dos diplomas, mas não é. — Seu sorriso não desapareceu, mas seus olhos expressavam mágoa, quando completou: — E, cá entre nós, convenhamos, droga só pode chegar tão fácil na mão da gente com a conivência, ou coisa pior, dos governantes, certo?

Milton, agora, foi quem deu de ombros. Aquilo era uma coisa que todo mundo sabia, política e marginalidade no Brasil eram quase sempre a mesma coisa. Steinberg fez uma cara triste. Achava que lembrava, vagamente, do professor, e ele era um cara que ensinava legal, sempre risonho, parecia gostar muito de lecionar.

Steinberg se atrasou para o trabalho naquele dia. Ele e seu antigo mestre comeram juntos na mesma cafeteria que Milton sempre frequentava, e o professor viu a xícara de café vibrar e o líquido preto dentro dela se preencher de ondas concêntricas!

— O senhor viu isso? Viu só?

Ele tentou explicar ao idoso professor que aquilo acontecia diariamente, e não teve certeza se o cara entendeu que algo inusitado estava acontecendo. Depois disso Milton passou em uma livraria com seu antigo mestre, que sonhava em voltar a estudar, e quase estourou o que restava do limite do seu cartão de crédito, comprando apostilas e livros para o sujeito, cujo rosto se iluminou, ele tinha uma chance! Em uma LAN house, Steinberg fez um perfil no Facebook para o sem teto, anotou os dados em um dos livros que haviam comprado, e fez o cara prometer que, quando superasse aquela época difícil, após passar no concurso, iria fazer contato com ele. Milton sabia que isso não aconteceria, pois nunca mais haveria amanhã, mas, caramba, justamente por isso, dane-se! Deu algum dinheiro para o sujeito, e se despediu dele. O velho professor ficou tão feliz que Milton só lembrou do flash luminoso no dia seguinte.

Mais um dia e Steinberg estava, de novo, no vagão, e conseguiu, com algum esforço, chegar à exata posição onde, ele já estava cansado de saber, o raio de luz o atingia. Mas assim que chegou lá, tossiu. Um sujeito de terno e gravata, com aparência de executivo, parecia ter passado a noite anterior dentro de um grande tonel cheio de perfume! Se ao invés de cheiro o camarada estivesse exalando fogo, o trem inteiro teria explodido e estaria ardendo em chamas! Era quase insuportável, mas, desta vez, Milton estava decidido a não deixar nada, de jeito nenhum, impedir que ele fizesse a medição da luz. Fincou pé em sua posição e armou o fotômetro assim que o trem parou na estação logo antes de onde ele sabia que o raio luminoso costumava aparecer. Em cerca de dois minutos o flash espocaria da cúpula de vidro do templo religioso, mas não atingiria seus olhos, e sim o sensor do fotômetro.

Houve um certo tumulto, na estação em que o trem havia parado, um burburinho, algumas pessoas correndo, e Steinberg ouviu, em algum lugar, a palavra “assalto”, mas não houve uma explosão de gente em fuga, o que pareceu indicar que tudo havia passado. As portas da composição se fecharam, ele apertou o sensor luminoso na mão direita, enquanto a esquerda segurava firmemente a barra de metal acima dele, que servia para que as pessoas entulhadas ali dentro se mantivessem de pé, para caberem mais dos ditos dignos trabalhadores por metro cúbico.

Steinberg olhou furtivamente em volta de si, e não viu nenhuma pessoa conhecida, ergueu o aparelho, pondo ele em frente ao rosto e… Seu telefone tocou. Ele ignorou. Alguém dentro do vagão gritou alguma coisa. Ele ignorou.

A qualquer instante a luz iria espocar!

Mas antes disso, alguém esbarrou nele, se levantando de um dos assentos à frente, abarrotados de pessoas, como quem quer fugir, sair de perto dele, e Milton percebeu, de canto de olho e depois olhando diretamente, que dois seguranças, com bonés e coletes de cores berrantes, vinham em sua direção, olhando-o com raiva!

— Larga esse troço! — Um deles gritou, enquanto o outro levantava um cassetete.

Milton, que sabia o quão bem treinados eram esses tipos de profissionais no seu país, desatou a correr, claro. Ou melhor, tentou correr no engavetamento de gente que era o vagão balouçante de trem naquele momento da manhã.

Um agressivo estalo elétrico o fez perceber que alguém, certamente um dos seguranças, empunhara uma arma de choque, e instintivamente Steinberg começou a empurrar as pessoas, como o afogado que empurra a água tentando respirar! Em algum lugar seu celular tocava sem parar, ele nem se dava conta, enquanto lutava para escapar. Ele chegou ao fim do vagão e atravessou o acesso que havia entre as composições acotovelando quem estivesse pela frente. Milton chegou a levar um soco desengonçado de alguém, mas estava com a adrenalina tão alta, que mal sentiu o fraco golpe, enquanto ouvia os gritos cada vez mais selvagens dos dois seguranças, que praguejavam e xingavam Steinberg, as pessoas que atrapalhavam a perseguição, maldizendo tudo, até o mundo que era uma merda! Corriam aos tropeções, os três, enquanto as pessoas faziam o possível para sair do caminho, quando Milton bateu contra a parede no fim daquela composição, não havia acesso à próxima composição, não havia mais para onde ir. A não ser para fora! Então, empurrando as pessoas que, apavoradas, se contorciam para escapar, ele se esgueirou até a lateral onde estava a saída, agora fechada, segurou a borracha carcomida entre as duas abas da porta do vagão, enfiando ali os dedos e agarrando essas abas com os cotovelos apontados para os lados, e fez força para abrí-las. Forçou uma, duas vezes. Os seguranças cada vez mais próximos. Novamente Steinberg forçou as portas, que cederam, relutantemente no começo, mas se escancarando devido a má conservação no final! A ventania entrava, visto o trem estar em plena velocidade, e Milton parou no limiar da porta aberta, olhando o chão de brita correr abaixo. Virou o rosto, viu que o trem se aproximava de mais uma estação, logo iria desacelerar, se ao menos conseguisse atrasar os seguranças, pensou. E imediatamente se deu conta dos camelôs que pululavam entre os passageiros, sempre tentando vender seus produtos no meio daquele sufoco, pagando propina sempre para os seguranças da linha férrea, mas não raro perdendo tudo que tinham para os caras, quando estes resolviam fingir trabalho para seus superiores. Milton gritou:

— Meganha! Segura os meganhas! — Usando gíria que, em suas infindáveis viagens de trem, ouviu os camelôs usando.

Alguém, para sorte de Steinberg, perdeu o senso de perigo e resolveu agir, pondo uma perna bem no caminho do segurança que já estava quase alcançando Milton, e o cara desabou no chão, seguido do colega. A arma de choque deve ter disparado, pois ouviram-se gritos e estalos elétricos. No tumulto que se seguiu, o trem já estava quase parando na estação, e Steinberg desceu correndo, o fotômetro ainda na mão, esquecido. Girando no próprio eixo, ele percebeu que estava na estação ao lado da Quinta da Boa Vista! Poderia correr para o metrô, e desaparecer por lá. Subiu as escadarias correndo, e talvez tenha sido esse o seu erro ingênuo, pois assim que os seguranças que o perseguiram dentro do trem começaram a berrar (deveria haver um rádio quebrado em algum lugar, um monte deles para os seguranças, os quais a corrupção endêmica brasileira não deixava serem consertados nunca) outros seguranças vieram correndo de cima, e se atiraram sobre Milton, o único cara que parecia fugir, pois estava em disparada. Steinberg foi derrubado, rolando escada abaixo e batendo a cabeça.

Escuridão.

Pobre Homem Louco

Milton despertou numa espécia de enfermaria sem janelas. A porta estava aberta, ele pôde ver assim que se levantou da maca em que havia estado. E assim que ele fez isso, por esta porta entraram os dois seguranças que o haviam perseguido, seguidos de ninguém menos que Rubens, que foi dizendo:

— Foi bom ele acordar, significa que ninguém aqui vai se encrencar.

— Ele é que tá encrencado, chefia. — Disse um dos seguranças, cujo crachá Milton se esforçava mas ainda não conseguia ler.

— Ah, colega, quê isso?

E o Doutor Castilho se aproximou do segurança, despretencioso mas sério, e continuou, em um quase sussurro:

— Olha para o meu amigo. Ele está tendo uma crise, um atque de ansiedade. — e falando em um tom ainda mais baixo: — O pobre homem está louco, passando por muita coisa, não feriu ninguém além dele mesmo. Vamos esquecer isso tudo.

Milton, cuja cabeça latejava, conseguiu ouvir o murmúrio, e fez cara de quem não gostou, mas um instante depois sua expressão mudou. Estaria mesmo louco? Seria tudo aquilo imaginação dele? A certeza que tinha dentro de si, de que o mesmo dia se repetira eternamente, era pétrea, mas sua vida estava começando a ficar tão louca com aquilo, que a certeza de que ele próprio era uma pessoa sã já não era tão forte. Lembrou da Navalha de Occam, de Alice, e se calou, apenas observando enquanto Rubens conversava com os outros homens. O segurança com quem Lewroy iniciou a conversa, em certo momento, fez que sim com a cabeça, e disse:

— Está bem, doutor. Todo mundo tem seu dia de cão. É tanta sacanagem, violência e roubo que tá todo mundo com os nervos estourando.

— É mesmo. Tudo anda tão desanimador. — Concordou Rubens.

— É isso mesmo. A gente parece que tem acesso a mais informação, tipo pela Internet, mas fica sabendo que político tudo é bandido, que copa do mundo é tudo armação, que a vida podia ser bem melhor, mas se depender de quem manda, nunca será, que acaba ficando meio louco.

O outro segurança, mais calado, apenas balançou a cabeça, concordando. O primeiro segurança, mais falante, ficou um momento em silêncio, olhando para Milton, que ainda massageava a própria nuca, e então o sujeito disse:

— A gente também anda cansado. Confundimos ele com ladrão… Faz o seguinte, espera aqui que eu vou avisar a chefia e logo depois liberamos vocês, tá bem?

Lewroy abriu os braços e meneou a cabeça, dizendo simplesmente:

— Obrigado, caras.

Ambos os seguranças se foram.

Milton, constrangido, inseguro quanto a sua própria sanidade, já ia agradecer à Rubens, e perguntar como ele o encontrou, quando Lewroy o agarrou pelos ombros, o fitou olho no olho, a menos de um palmo de distância do seu rosto, e disse, num sussurro, quase selvagem:

— Milton! Escuta, cara! Alice, ela sabe de alguma coisa sobre um projeto que eu e ela participamos, e que eu não sei. Tem haver com o que você apareceu lá no meu trabalho.

— Q-que projeto?

— Uma iniciativa internacional, um experimento prático, que foi levado a cabo há alguns dias. Não interessa, só me escuta: fica longe, muito longe da Urca e da Alice, está bem? Acho que é perigoso, cara, eu tô dando um tempo, vou sair do Rio.

— Como você me achou?

— O Clinton é um amigo meu, Federal. Seu celular. Agora levanta, vem, nem vamos esperar os seguranças, não podem nos manter em cárcere, é ilegal. Vamos, eu te ajudo. Ah, toma isso, estava contigo e eles me devolveram, eu expliquei que é inofensivo, apenas um fotômetro.

Se pondo de pé, e pegando o aparelho das mãos do amigo, Steinberg fez um sinal de que podia andar sozinho, quando o outro tentou apoiá-lo. Apanhou também sua pasta tiracolo, que estava nos pés da maca, a pôs no ombro, e seguiu Rubens, que saiu na frente, mas assim que o físico pôs um pé fora da claustrofóbica enfermaria, este levou a descarga de uma arma de choque, Milton viu o clarão e ouviu o som inconfundível!

Enquanto seu amigo físico desabava no chão, os olhos de Steinberg se arregalavam! Estava encurralado!

Continua na próxima semana, não perca...

Leia a Parte 3 de "Sob o Olhar da Eternidade"

Comente, participe! Milton está louco?


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3 years ago
Que Tal Ganhar 2 Livros Físicos De Presente Neste Fim De Ano? A Fraternidade De Escritores @fraternidadedeescritores

Que tal ganhar 2 livros físicos de presente neste fim de ano? A Fraternidade de Escritores @fraternidadedeescritores irá presentear seus fiéis seguidores. Veja como garantir este super prêmio em apenas 3 passos. 1 - Curta a foto desta promoção no POST OFICIAL @fraternidadedeescritores 2 - Escreva lá nos comentários quais os dois livros que você deseja ganhar (só vale indicar os livros que constam nesta lista) 3 - E por fim, marque 2 amigos lá em seus comentários. Pronto você já estará apto a concorrer. Dia 28/12 a Fraternidade fará um pré-sorteio de 30 seguidores e enviará no seu PV o convite para assistir a LIVE de prêmios do dia 29/12 as 19h. Em parceria com a Livraria Família Cristã. Se o seguidor estiver presente no momento da Live irá faturar os dois livros. Caso ele não esteja, sortearemos o próximo seguidor até esgotar os 30 selecionados. Não fique de fora desta promoção. E para todos que participarem desta mega Live, serão distribuídos dois e-books. Não perca esta oportunidade. Fraternidade de Escritores, incentivando a literatura com muita paixão. SÓ VALE INDICAR NOS COMENTÁRIOS OS LIVROS DESTA LISTA!!! E acompanhe nos posts do IG da Fraternidade @fraternidadedeescritores mais informações sobre os livros!!! 1 - Júlio César - Signum @buenoliterario 2 - Thiago Aragão - Battlefront: Origens @t.olivergeek 3 - Lucas Pereira - Para Você Com Carinho! @lucas_pereira_escritor 4 - Priscila Castelano - Meu Cliente Colorido @priscilacastelano_autora 5 - Silvia Kaercher - O Farrapo @silviamkaercher_escritora 6 - Ricardo - Amnésia @ricardolima.professor 7 - Karina Camargo - Caminhos & Descaminhos @karinacamargoescritora 8 - Tadeu Loppara - Quãm e os Indícios Mortais @livroquam 9 - Crísthophem Nóbrega: Secretos Suspiros @autorcrisnobrega 10 - Wagner - Mônica @wagner.rms ACOMPANHE NOS POSTS DA @fraternidadedeescritores MAIS INFORMAÇÕES SOBRE OS LIVROS!!! #fraternidadedeescritores #sorteio #promoção #literaturanacional #nesteNatalcompreNacional #WagnerRMS Escolha os livros e faça sua postagem nos comentários do POST OFICIAL, só nele serão computadas as suas escolhas! https://www.instagram.com/wagner.rms/p/CXwflQsPT7l/?utm_medium=tumblr


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5 years ago
Autor Há Três Bienais

Autor Há Três Bienais

E lá vamos nós, ♥️ Bianca Matos ♥️ e eu. Terceira Bienal do Livro Rio como autor. 😍🙏🏼♥️📚🚀🎬🇧🇷❗

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4 years ago
#Repost @fraternidadedeescritores … Escrever Ficção Científica Tem Que Ter Um Pezinho Legal Na Ciência

#Repost @fraternidadedeescritores … Escrever ficção científica tem que ter um pezinho legal na ciência e ser algo muito divertido de se fazer também!

Mais uma matéria no nosso site da série de três artigos sobre possibilidades científicas de viagens mais rápidas que a luz (MRL) que possam nos levar às estrelas e que sejam úteis se você quer escrever sobre jornadas além do nosso sistema solar.⠀ ⠀ Por Wagner RMS. ⠀ LINK: Aqui

Gostou? Curta, Comente, Salve e Compartilhe! 🙂☀️🙏🏼👍🏼👏🏼👏🏼👏🏼 … #fraternidadedeescritores #ficçãocientífica #escrever #sci-fi #escreverficção #WagnerRMS https://www.instagram.com/p/CPEZE7iDJ7p/?utm_medium=tumblr


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5 years ago
Papo De Escritor: A Ficção Científica Na Literatura E No Audiovisual

Papo de Escritor: A Ficção Científica na Literatura e no Audiovisual

Quem me conhece ao vivo sabe que sou a encarnação da timidez, aquele tipo de pessoa que, em eventos sociais, não sabe o que fazer com as próprias mãos. Mas se é pra apoiar e participar de um projeto tão bacana e que divulga tantas criativas e criativos brasileiros e suas ideias e trabalhos fascinantes, então no próximo dia 11/06/2020, às 19 horas, eu vou conversar com a gentilíssima Autora Bárbara Gouvêa no Papo de Escritor sobre ficção científica na literatura e no audiovisual. Além de mim, outras lives que eu acho incríveis estão acontecendo no Instagram da Bárbara e vai ser muito show se você puder estar lá com a gente, curtindo, divulgado, participando, perguntando e, quando for a minha vez, me ajudando a vencer minha timidez, obrigadoooo. 😉🥰🙏🏼

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11 years ago

Como é belo ver a astúcia vencer a própria astúcia!

Hamlet, Ato III, Cena IV

11 years ago

Aqueron (*)

Mais um trabalho original para vocês, caros leitores. Este é um roteiro para um scifi televisivo, com toques de suspense e terror, e ainda guarda parte da formatação original em que um roteiro é escrito, que difere em muito de textos romanceados. Repare por exemplo que as falas não tem travessão, mas são antecedidas pelo nome do personagem que fala. Espero que vocês se divirtam, e, quem sabe deixem suas imaginações fluirem de tal maneira que lendo este roteiro, se vejam investigando a miteriosa nave desgarrada junto com os protagonistas, e tomem um ou dois sustos... ;-)

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Roteiro Original de: Wagner RMS & Flávio Langoni.

(*) Aqueronte: Filho de  Hélios e de Gaia,  foi transformado  em rio e precipitado nos infernos como punição para uma antiga  falha; tinha fornecido água aos Gigantes quando estes lutavam contra Zeus (Júpiter). Suas  águas  são  amargas,  lodosas e burbulhantes. Transportados pela barca de Caronte (Queronte, Caron, Charonte, Charon), os mortos devem atravessar este rio para atingirem a morada definitiva. Também chamado de rio Styx.

Canto III - A Divina Comédia - O rio Aqueronte:

Por mim se vai à cidade dolente, Por mim se vai à eterna dor, Por mim se vai à perdida gente. Justiça moveu o meu alto criador, Que me fez com o divino poder, O saber supremo e o primeiro amor. Antes de mim coisa alguma foi criada Exceto coisas eternas, e eterno eu duro. Deixai toda esperança, vós que entrais!

TITLE CARD:

"PARTE I

GÊNESE: NAVEGANDO EM AQUERON

O INÍCIO DO SÉCULO 22"

O VAZIO ENTRE OS PLANETAS, ONDE UMA ESFERA BERNAL, HABITÁCULO DE AÇO, GIRA LEVANDO EM SEU INTERIOR CIENTISTAS E HOMENS DE FÉ, QUE QUEREM ATINGIR O CAMINHO ENTRE OS MUNDOS.

No casco, por enquanto polido, da esfera, lemos uma série de traduções, para várias línguas, da palavra “Fé”. Terminamos confrontando a palavra em português. Então nos afastamos e vemos o todo, e a esfera gira, lentamente, enquanto sua superfície reflete tanto a luz do sol mais próximo, quanto a suave radiância das estrelas distantes. Uma série de torretas alinhadas em sua linha do equador parece incandescer lentamente, enquanto vozes no rádio conversam com uma distante e oculta base:

ESFERA:

“Estão nos ouvindo? O sistema de criptografia online está funcionando bem? Essa é a comunicação número seis. Depois dos dois meses de silêncio de rádio, estamos prontos e vamos abrir os portões agora. O núcleo sofreu ondulações, mas está operacional, e as torres de dissipação de campo estão se aquecendo, a qualquer momento o rajada de plasma-quantum deve abrir o canal de contato entre as branas.”

BASE DE OPERAÇÕES DO PROJETO AQUERON – GUIANA FRANCESA:

“O sistema está permitindo comunicação indistinguível do ruído de fundo do espaço. Mas aqui o decodificador está funcionando muito bem, recebemos sua transmissão de número seis claramente. Desejamos boa sorte, que vocês encontrem A Verdade...”

As torretas estão acesas, e um campo de distorção se forma em torno do equador da esfera, e se expande, cobrindo lentamente a superfície da esfera...

ESFERA:

“Amém. Muito bem, o campo se formou e está estáv... E a qual... Disparo de plasma... Devem estar ocorrendo distorções... Rádio... Todos estamos muito felizes!”

As torretas subitamente explodem, em sequência, silenciosamente, e o campo que cobria a esfera vai escurecendo, até que se percebe que a esfera desaparece lentamente.

BASE DE OPERAÇÕES DO PROJETO AQUERON – GUIANA FRANCESA:

  TITLE CARD:

"PARTE II

O VAZIO: ENTRE A TERRA E A LUA

PRÓXIMO AO FIM DO SÉCULO 22"

VISTA DO ESPAÇO, EM PANORÂMICA, MOSTRANDO A LUA EM PRIMEIRO PLANO, E À DISTÂNCIA, O PLANETA TERRA.

Pode-se observar estrelas fulgurantes que se movem de cá para lá, que nada mais são que o rastro de poderosos foguetes das naves em tráfego entre a Terra e seu satélite. Vozes no rádio parecem entretidas em monótonos diálogos, controlando o ir e vir de naves. Subitamente, vinda da noite eterna, uma forma sombria e esférica começa a eclipsar a lua, e as vozes no rádio se exaltam:

CONTROLE DE VOO WELLS VILLAGE – LUA:

“Aqui é o Controle de Tráfego da base lunar Wells Village. Temos um estranho no radar. Tem algum veículo de carga a zero-sete-zero da elíptica que não se identificou?”

CARGUEIRO LANÇADOR MAGNÉTICO VESTA:

“Wells, aqui é nave de carga Vesta RX 7792. Essa não era minha janela de lançamento? Tem mais alguém lá?”

Há uma pausa. Enquanto a esfera, lentamente, cobria toda a lua, tomava mais e mais substância, como que solidificando, feita de alguma massa escura como o vácuo, que vai tomando a forma e o peso de aço em lâminas enegrecidas e semidestruídas. Pode-se perceber que a imensa esfera deixa um rastro de pequenos objetos, pedaços de sua couraça que parece se desfazer lentamente. Então os diálogos de rádio recomeçam:

ESTAÇÃO DE ÓRBITA INTERMEDIÁRIA TSIEN:

“Aqui é a estação Tsien RY 33, falando. O que vocês tem aí, em 0-7-0, Wells? Nossos detectores gravimétricos apontam uma grande massa vindo em direção à rota de Camberra. É um meteoro?”

NAVE DE TRANSPORTE TERRA-MARTE ABRAHAM LINCON:

“Até daqui podemos ver a coisa! Somos a Lincon RX 3459 e estamos a 0-2-3, e podemos ver a esfera daqui. De quem é? Não é americana.”

CARGUEIRO LANÇADOR MAGNÉTICO VESTA:

“Wells, da Vesta de novo. Suspendam os lançamentos. Tirem todo mundo daí.”

ESTAÇÃO DE ÓRBITA INTERMEDIÁRIA TSIEN:

“Ela vem direto prá nós! Se resvalar em nós lança a Tsien sobre vocês, Wells, se o choque for direto, explodimos sobre o Amazonas. Tirem essa merda dali! Vai acabar matando muita gente!”

CONTROLE DE VÔO WELLS VILLAGE – LUA:

“Calma, Tsien. Vocês são a prioridade. O pessoal da Busca e Salvamento já foi acionado. Calma! Temos... Cerca de 12 horas para o primeiro impacto. Vai tudo correr bem...”

O ponto de vista se desloca, girando pelo espaço, indo direto contra a luminância radiante do sol. As vozes no rádio, agitadas e nervosas, vão se calando lentamente, como que perdidas na escuridão que ficou para trás.

Aqueron (*)

TITLE CARD:

"PARTE III

NAS SENDAS ESCURAS: SOB O UMBRAL

6 HORAS E 27 MINUTOS PARA O PRIMEIRO IMPACTO "

A INTENSA LUZ SOLAR SE CONVERTE NOS FOGUETES DE DESACELERAÇÃO DE UMA NAVE DA FORÇA DE BUSCA E SALVAMENTO, QUE SE APROXIMA DA ESFERA, QUE AINDA MANTÉM SEU ASPECTO DESGASTADO E SOMBRIO. ELA É UM “PLANETA MORTO”.

A primeira nave destacada pela Força de Busca e Salvamento gira no espaço, e com pequenos jatos de manobra se posiciona exatamente sobre o polo da esfera, ganhando rotação para se equalizar com a rotação dela. Com um pequeno empuxo de seus jatos principais avança, indo acoplar o anel de atracação em sua proa ao disco de contato da esfera. Mais uma vez por rádio, se ouve o piloto da nave recém chegada dizendo:

COM. DARIO REIS – NAVE DE BUSCA E SALVAMENTO  ABADDÓN RX4:

“Controle da missão, aqui é a Abaddón RX4, comandante Reis, conseguimos uma atracação perfeita com a esfera, as alterações feitas pelo tenente Mebarak funcionaram com o sistema antigo da esfera. Temos permissão para abordagem?”

CONTROLE DA MISSÃO DE BUSCA E SALVAMENTO:

“Abaddón RX4, estamos usando a antena do Maranhão, se perceberem algum desvio de frequência, não se alarm... A antena sul-africana está em repar... Congratulações pelo voo plano, e em resposta a sua pergunta: permissão concedida. Boa sort... Em cerca de meia hora a segunda nave deve chegar aí, e... Precisar de acesso por uma escotilha, já que... Confirma que a esfera só tem um anel de atracação.”

COM. DARIO REIS – NAVE DE BUSCA E SALVAMENTO  ABADDÓN RX4:

“Estamos tendo falhas de rádio, sim. Existe um radiofarol na esfera emitindo um pulso confuso, isso deve estar atrapalhando ainda mais as comunicações. Vamos entrar os dois, e Mebarak acha que a cerca de vinte e cinco metros temos uma escotilha de fácil acesso para o pessoal da segunda nave. Já podem confirmar qual foi a segunda nave destacada para cá?”

CONTROLE DA MISSÃO DE BUSCA E SALVAMENTO:

“Já... RX7... Partiu... Ela... Lua...”

COM. DARIO REIS – NAVE DE BUSCA E SALVAMENTO  ABADDÓN RX4:

“A interferência de rádio está aumentando. Vamos abordar imediatamente a esfera e tentar identifica-la e desativar este radiofarol em curto. Daqui a duas horas nós emitiremos um relatório por pulso de maser. Abaddón RX4 desligando.”

A escuridão cinzenta do interior da esfera parece transpirar uma dor antiga e esquecida, mas ainda viva. As imagens são obscuras e difusas, imersas em uma escuridão opressiva, espessa, parece que percorremos um pequeno e lúgubre corredor, ou, para a imaginação tocada pelo medo, parece que descemos pela garganta monstruosa de uma criatura que nos devora. Então, subitamente, um som metálico, um ranger, uma lâmpada tremeluzente e de um verde desgastado pisca duas vezes, e uma fresta de luz, bem no meio do campo de visão, se forma e se expande. À volta dela temos a sensação de que, junto com o negrume, coisas escuras e fugidias se encolhem e correm da luz que entra, podemos ouvir mesmo, quase no limite entre o som e o silêncio, um choramingar, gritos muito distantes talvez, e um esgar horrendo que parece demonstrar todo o terror que aquele lugar escuro oculta. A perspectiva gira. Não estávamos descendo, mas subindo, do interior para o casco polar da esfera. É a escotilha, a porta de acesso do compartimento estanque do anel de atracação, sendo aberta pelos dois homens da Abaddón que estão entrando. Eles usam trajes pressurizados, flutuando mansamente, na ausência de gravidade do eixo da esfera, e têm somente as luzes que carregam para se guiarem no escuro. No rastro do facho de luz, as coisas obscuras se retorcem e se encolhem, fugindo.

COM. DARIO REIS:

“Ramon! Viu aquilo?”

TEN. RAMON MEBARAK:

“O quê? Não, não, desculpe, eu estava prestando atenção ao sensor atmosférico. Tem ar aqui. Está embolorado, mas respirável. O que foi que viu?”

COM. DARIO REIS:

“Esquece. Se tem ar, tem som... Esse lugar parece morto, mas talvez tenha alguém por aqui. Esse poço sem gravidade deve seguir direto até o núcleo da esfera. Será que dá para ouvir alguma coisa?”

TEN. RAMON MEBARAK:

“Vou ligar o receptor de som externo do meu traje...”

COM. DARIO REIS:

“Ramon... O que houve? Está pálido.”

TEN. RAMON MEBARAK: (Vozes Murmurando)

“Ouvi umas vozes...”

COM. DARIO REIS:

“Eu não ouço nada. E meu sistema de microfones externos está em ordem. Talvez algum sobrevivente tenha falado rapidamente pelo intercomunicador de bordo, e não percebi.”

TEN. RAMON MEBARAK: (Vozes Murmurando)

“Não, não... Algo muito baixo, quase abaixo do nível de audição... Não está ouvindo mesmo? Um murmúrio baixo, como... Como... Uma prece, talvez, um falatório baixo e repetitivo...”

COM. DARIO REIS:

“Prece? Não! Não ouço nada. Sua mistura respiratória está bem?”

TEN. RAMON MEBARAK: (Vozes Murmurando)

“Verificando... Estou bem. Não é delírio, há um som sim. Bem, detectamos fontes de energia funcionando aqui. Talvez algum aparelho ainda ligado, ou alguma gravação em um compartimento longe daqui, quem sabe? Mas tem alguém murmurando algo aqui dentro...”

COM. DARIO REIS:

“Talvez teus ouvidos sejam melhores que os meus. Temos menos de quinze minutos para alcançar o equador da esfera e preparar uma escotilha externa para o pessoal da outra nave entrar. Consegue ignorar o som e seguir adiante?”

TEN. RAMON MEBARAK: (Vozes Murmurando)

“Mas é claro. Perdi o medo do escuro aos oito anos de idade. E as tais vozes ainda não estão me mandando matar ninguém, comandante.”

Mebarak sorri, e Reis o observa por um momento, e então dá de ombros, com um meio sorriso, e seguem por um corredor lateral. E a escuridão, regozijando-se e correndo, faminta e formada por montes de seres feitos de treva, vai atrás dos dois homens, devorando as réstias de luz que eles deixavam para trás.

Aqueron (*)

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"PARTE IV

NAS SENDAS ESCURAS: O BARQUEIRO.

5 HORAS E 46 MINUTOS PARA O PRIMEIRO IMPACTO"

O VAZIO SALPICADO DE ESTRELAS, AO FUNDO O SOL BRILHA POUCO ACIMA DA TERRA, QUE É VISTA DO TAMANHO DE UMA MOEDA. RECUANDO, AS ESTRELAS, O SOL E A TERRA SE DISTORCEM, SUJOS, E PERCEBEMOS O GROSSO VIDRO DE UMA ESCOTILHA, E RECUANDO AINDA MAIS, DOIS HOMENS TRABALHAM NESTA ESCOTILHA, DEITADOS CONTRA ELA.

Os dois homens estavam agora na área do equador da esfera, “deitados” na superfície interna do casco exterior, pois a gravidade artificial no equador da esfera era na realidade força centrífuga, que os obrigava a ficarem em pé contra a face interna da gigantesca bolha de aço. No “chão”, sob eles, jazia a escotilha externa. Eles haviam despressurizado a câmara em que estavam, e  Mebarak usava um sistema portátil de computador pouco maior que a palma de sua mão, e fino como uma prancheta, para acessar os sistemas eletrônicos de travamento da escotilha externa. Reis forçava, resmungando um pouco, o sistema circular de travamento. O rádio ainda não funcionava, mas o procedimento de entrada do pessoal da outra nave de busca e salvamento havia sido definido antes da falha total do rádio de longa distância. Eles tinham que abrir aquilo ali para que os outros entrassem.

COM. DARIO REIS:

“Nnnnnn... Ok, está abrindo... Mebarak, e as vozes?”

TEN. RAMON MEBARAK: (Vozes Murmurando)

“Ainda estão lá... Mas estão mais indistintas.”

COM. DARIO REIS:

“Devemos estar longe da fonte agora. Ainda bem que isso abriu rápido. Em alguns minutos eles chegam aqui...”

Alguém! Um traje! Um corpo? As luzes internas de um capacete formam sombras nos olhos dela, como se as órbitas fossem profundas e horrendamente vazias. Por um segundo Ramon congela, e Reis tenta se afastar da porta de um salto. Então a pessoa envolta no traje espacial começa a entrar, e estende a mão. Mebarak hesita, mas acaba por tomar a mão da mulher, que se projeta para dentro da esfera. Reis é o primeiro a falar:

COM. DARIO REIS:

“Como fez o trajeto da RX7 até aqui tão rápido?”

DRA. SHARON:

“O caminho foi fácil. Muitas estruturas de apoio. Assustei vocês?”

TEN. RAMON MEBARAK:

“Eu... Creio que sim... Não esperávamos que você viesse tão rápido.”

COM. DARIO REIS:

“Veio sozinha?”

DRA. SHARON:

“Nunca estou só.”

COM. TALES LUCANO:

“Podem me dar um ajuda aqui?”

Outro astronauta entra pela escotilha. Novamente Mebarak estende a mão e ajuda o novo tripulante a ficar de pé na parede interna da esfera metálica. Todos se entreolham por um momento, então Lucano se apresenta:

COM. TALES LUCANO:

“Tales Lucano, se precisarmos destruir a esfera, eu farei isso, sou perito em explosivos.”

COM. DARIO REIS:

“Comandante Dario, estou no comando desta missão.”

DRA. SHARON:

“Sharon. Sou médica.”

TEN. RAMON MEBARAK:

“Eu sou engenheiro de sistemas... Ramon. Vamos andando? Para isso acabar logo... Ei, Dario, as vozes... Pararam...”

COM. TALES LUCANO:

“Vozes?”

COM. DARIO REIS:

“Explico no caminho. Achamos que existe uma fonte de áudio funcionando em algum lugar distante desta esfera. Se o som parou, acho que isso é um bom sinal. Estamos ficando calmos por aqui, Ramon... Bem-vindos... Doutora, comandante... Vamos.”

Sharon olha para Mebarak de forma enigmática, e ele devolve o olhar. Enquanto isso Reis fecha a escotilha externa, indo em direção ao centro da esfera. Lucano lança um olhar para a mulher, e murmura, enquanto mergulham na escuridão interna:

COM. TALES LUCANO:

“Médica...”

Aqueron (*)

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"PARTE V

NAS SENDAS ESCURAS: MORTE COMO COMEÇO.

4 HORAS E 53 MINUTOS PARA O PRIMEIRO IMPACTO"

MAIS UMA VEZ OS CORREDORES ESCUROS. AGORA SEM OS TRAJES, DEIXADOS PARA TRÁS PARA QUE ELES GANHASSEM AGILIDADE, OS QUATRO ASTRONAUTAS CAMINHAM SEGUINDO OS FACHOS AZULADOS DE SUAS LANTERNAS. NOVAMENTE A ESCURIDÃO A VOLTA DELES PARECE SE RETORCER, ENQUANTO OS HOMENS E A MULHER ULTRAPASSAM O MAIS RÁPIDO QUE PODEM CORREDORES, PASSADIÇOS, ESCOTILHAS, E UM OUTRO SEM NÚMERO DE ACESSOS NO LABIRINTO INTERNO DA GRANDE ESFERA.

Os três homens seguem a frente. A mulher vem por último. Vez por outra Lucano lança um rápido olhar para ela, pois ele está logo à frente de Sharon. Há muitos minutos todos caminham sem dizer uma palavra, oprimidos pela escuridão, e pelos sons. As vozes que enervaram Mebarak se calaram, mas outros barulhos pareciam aumentar e se diversificar, à medida que mergulhavam mais e mais na esfera. Sons de ranger, como se o metal da esfera estivesse se rasgando lentamente em algum lugar. Às vezes um chicotear denotava que tirantes de aço se rompiam aqui e ali, explodindo em um grito metálico.

COM. DARIO REIS:

“Ramon, acha mesmo que foi uma boa ideia entramos sem os trajes pressurizados?”

TEN. RAMON MEBARAK:

“A estrutura geral da esfera parece bem comprometida, mas não detectei nenhuma rachadura no casco, nem vazamento de pressão interna. Acho que seremos mais rápidos sem os trajes.”

COM. TALES LUCANO:

“Entrar e sair bem rapidamente parece ser o que quer, não é engenheiro?”

Mebarak se vira para Lucano com cara de poucos amigos, mas um violento estalar seco faz com que ele largue a lanterna. Reis se vira para eles (ele era o primeiro da fila), mas Ramon tentava pegar a lanterna, Tales havia desaparecido, e Sharon mantinha o facho de sua lanterna direto para frente, cegando Dario. Por um momento reinou uma confusão de luz e escuridão, e as vozes desencontradas:

COM. DARIO REIS: (Vozes Murmurando)

“O que houve? Quem é? O que é isso? Tire a luz da minha cara, doutora!”

DRA. SHARON:

“Lucano. Ele se foi...”

TEN. RAMON MEBARAK: (Vozes Murmurando)

“Lance a luz aqui! Preciso achar minha lanterna! Está escuro! Algo o atacou!”

COM. DARIO REIS: (Vozes Murmurando)

“O que foi isso, Ramon? Explodiu algo? Quem atacou?”

TEN. RAMON MEBARAK: (Vozes Murmurando)

“Ali! Um cabo de aço se rompeu!”

DRA. SHARON:

“Achei o comandante Tales.”

COM. DARIO REIS: (Vozes Murmurando)

“Onde? Mostre!”

Mebarak acha sua lanterna, que havia se desligado. Ela a ativa rapidamente, ilumina por um breve momento o cabo de aço recém partido que balança lentamente em um canto, e os fachos de luz convergem para se unir ao de Sharon, e iluminam Tales. O comandante jaz deitado no chão em um canto, não se vê nenhum ferimento, apenas o peito do macacão de Lucano está sujo de graxa em um tira que cruza o peito. A médica se agacha rapidamente, e examina o homem, dizendo por fim, em seu tom monocórdio:

DRA. SHARON:

“Está morto. Ao que tudo indica a pancada do cabo de aço não o cortou, mas provocou alguma concussão, ou parada cardíaca. Vou esclarecer na autópsia.”

Ocorre um minuto de silêncio, quando eles se entreolham.Dario mais uma vez ilumina o cabo de aço, e novamente, ele tem a impressão de ver a escuridão em volta do cone de luz de sua lanterna se contorcer.

TEN. RAMON MEBARAK:  (Vozes Murmurando)

“Eu... Deveria ter previsto isso...”

DRA. SHARON:

“Ninguém prevê esse tipo de coisa, Ramon.”

COM. DARIO REIS: (Vozes Murmurando)

“Ela tem razão.”

TEN. RAMON MEBARAK: (Vozes Murmurando)

“Vamos levar o corpo para a nave...”

DRA. SHARON:

“Sejamos práticos: temos pouco tempo. Vamos ao centro da esfera, verificar se podemos ativá-la e tirar ela da rota de colisão. Quando voltarmos, levamos o comandante Lucano conosco.”

COM. DARIO REIS: (Vozes Murmurando)

“Seu pragmatismo é impressionante, Sharon.”

DRA. SHARON:

“Ossos do ofício.”

TEN. RAMON MEBARAK: (Vozes Murmurando)

“Dario, acho boa ideia terminar logo a missão...”

COM. DARIO REIS: (Vozes Murmurando)

“Ok. Vamos em frente. Tem certeza de que achamos Lucano quando voltarmos?”

TEN. RAMON MEBARAK: (Vozes Murmurando)

“Estou mapeando os corredores em meu PAD. Vamos voltar exatamente por onde entramos.”

COM. DARIO REIS: (Vozes Murmurando)

“Vamos seguir em frente. Ramon, as vozes...”

TEN. RAMON MEBARAK: (Vozes Murmurando)

“Está ouvindo?! Consegue ouvir?”

DRA. SHARON:

“Ignorem. Vocês precisam ignorar e focalizar na missão.”

TEN. RAMON MEBARAK: (Vozes Murmurando)

“Sharon, não está ouvindo?”

DRA. SHARON:

“Não, Ramon. Alucinação auditiva. Ouça, comandante, vocês estão sob forte estresse. Esta é a hora de por em prática o treinamento que tiveram, e se concentrarem na missão. Confiem em mim.”

Há um silêncio constrangido. Então Dario começa a caminhar de novo em direção ao centro da esfera, seguido rapidamente pelos outros. Sharon lança de longe um último raio de luz sobre o corpo de Lucano. O braço do homem, que a médica pousou sobre o próprio colo do morto, começa e escorregar lentamente em direção ao piso, palma para baixo, quase como se ele tentasse se apoiar. Então Sharon  parece ficar nervosa, e se volta para os outros, apressando o passo.

DRA. SHARON:

“Depressa. Temos pouco tempo.”

Aqueron (*)

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"PARTE VI

NAS SENDAS ESCURAS: O VALE DA MORTE.

3 HORAS E 25 MINUTOS PARA O PRIMEIRO IMPACTO"

CAMINHAM NA ESCURIDÃO, AS QUATRO ALMAS, NA SUPERFÍCIE MAIS INTERNA DA ESFERA, ONDE EXISTE UM MUNDO CURVO, UMA PLANÍCIE ESCURA, COBERTA POR UMA PAISAGEM ANTES VERDEJANTE, COMO UM VASTO PARQUE, AGORA CHEIA DE GRAMA TURVA, E ÁRVORES MORTAS E RETORCIDAS VIVENDO AS CUSTAS DA LUZ ESMAECIDA QUE O NÚCLEO DA ESFERA AINDA PROJETA. A ECOSFERA INTERIOR É UM MUNDO MORIBUNDO, EM SEUS ESTERTORES, MERGULHADO EM SEMI ESCURIDÃO.

Bem no centro de tudo, acima dos astronautas, está o núcleo de energia da esfera. A primeira vista encarar aquilo foi chocante, e os homens ainda olhavam para ele com um temor respeitoso. A médica nem sequer olhava para aquilo. O núcleo é uma esfera também, bem no centro absoluto da esfera Bernal, e é de fato uma visão sombria, como que uma grande (cera de vinte metros de diâmetro) bolha de água obscura, turbulenta, dentro da qual explodiam silenciosos relâmpagos azulados. Eram estes relâmpagos que emprestavam o resto de luz àquela paisagem em eterno anoitecer

COM. DARIO REIS: (Vozes Murmurando)

“Já viu um núcleo de energia assim, Ramon?”

TEN. RAMON MEBARAK: (Vozes Murmurando)

“Nunca. Ele está em perfeito equilíbrio no centro de gravidade da Bernal. Parece uma bolha de plasma.”

Enquanto eles olham para cima, e apontam para lá suas lanternas (a luz sobe e refrata de formas estranhas e fantasmagóricas), Sharon gira o facho de sua lanterna à volta deles, uma volta completa, partindo de um afloramento de rocha próximo, passando pelos dois homens, e voltando ao afloramento, mas pouco antes de chegar passam por silhuetas humanoides na distância obscura, quase no limite da luz de sua lanterna. Assustada, ela volta rapidamente a luz, e por um segundo não vê nada, então ao voltar ao afloramento de rocha, vê as coisas odiosas sobre ele! Sedentas, horrendas!

DRA. SHARON: (Vozes Murmurando)

“Deus do céu! Nos proteja!”

COM. DARIO REIS: (Vozes Murmurando)

“O que foi, Sharon?”

DRA. SHARON:

“Nada! Acho que aquele cubo negro lá na frente é alguma unidade de controle, veja.”

Os homens veem o quadrado negro, à distância. Anima-se de terminar logo com aquilo, e sair depressa daquele mundo morto, se apressando sem mais conversar a seguir naquele rumo. Em mais alguns minutos estão de frente para o cubo, Ramon se senta em uma pedra próxima, e respira fundo várias vezes.

COM. DARIO REIS: (Vozes Murmurando)

“Ei, Ramon, está bem?”

DRA. SHARON:

“Deixe-me ver você...”

TEN. RAMON MEBARAK: (Vozes Murmurando)

“Estou tendo um pequeno ataque de pânico. Mas estou conseguindo me controlar, tudo bem. Acho que meu medo de escuridão não passou... E essas malditas vozes que não calam.”

COM. DARIO REIS: (Vozes Murmurando)

“Preciso que veja se consegue ativar esta unidade de controle.”

DRA. SHARON:

“Precisamos muito de você, Ramon.”

TEN. RAMON MEBARAK: (Vozes Murmurando)

“Tudo bem... Deixe-me ver... É um núcleo remoto de computador, quer dizer que em algum lugar lá atrás tem uma sala de controle...”

COM. DARIO REIS: (Vozes Murmurando)

“Não temos tempo de procurar. Dá para operar isso daqui?”

TEN. RAMON MEBARAK: (Vozes Murmurando)

“Sim, esta é uma unidade bem antiga, mas tem uma interface local aqui, olhe... Uma conexão padrão StormWire 2.1. Trouxe algumas, mas por azar não tenho uma 2.1 aqui. Tenho que voltar a nave e pegar um adaptador para meu PAD se conectar com isto.”

DRA. SHARON:

“Seus batimentos cardíacos estão acelerados, acho bom  não se esforçar demais.”

COM. DARIO REIS: (Vozes Murmurando)

“Ok. Eu vou. Onde estão as ferramentas que precisa?”

TEN. RAMON MEBARAK: (Vozes Murmurando)

“Tudo bem, você é mais rápido que eu... Me trás a maleta de interfaces. É pequena, e está numerada com o código INT-32, você a encontrará no armário 2 da engenharia da Abaddón.”

DRA. SHARON:

“Comandante, por favor, seja rápido. Mas não dê ouvidos ao que encontrar pela frente. Essa escuridão está mexendo com nossas percepções, não vá se perder.”

COM. DARIO REIS: (Vozes Murmurando)

“Minha preocupação com a missão é maior que o resto. Perdemos nosso técnico em explosivos, e temos cerca de 3 horas para dar um empurrão nessa esfera para longe da Tsien! Se não conseguirmos, teremos que explodir a RX7 junto com essa esfera.”

TEN. RAMON MEBARAK: (Vozes Murmurando)

“Concordo, é a única maneira de acabar com isso sem um especialista aqui.”

COM. DARIO REIS: (Vozes Murmurando)

“Programa seu PAD para me mostrar o caminho de volta, e me passe ele. Vou indo, esperem aqui.”

E Dario começa a correr pela planície curva, seguindo o caminho indicado pelo PAD em sua mão. Mebarak, ainda sentado na pedra, e Sharon, silenciosa e vigilante, em pé ao lado dele, ficam olhando o comandante desaparecer e ser engolido pela escuridão coleante.Durante o trajeto, Dario é assombrado por vultos e sussurros, mas prossegue, aparentemente inabalável. Aos poucos ele vai cedendo, e parece ter dificuldades de respirar. A energia de sua lanterna está cada vez mais fraca, e é com ela já quase se apagando, e com a sensação de que a escuridão o está tentando agarrar, que o comandante Dario percorre os corredores.

Aqueron (*)

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"PARTE VII

NAS SENDAS ESCURAS: LÁZARO.

2 HORAS E 48 MINUTOS PARA O PRIMEIRO IMPACTO"

OS CORREDORES PARECEM NOVAMENTE A GARGANTA ASQUEROSA DE UM MONSTRO, OU TALVEZ O INTERIOR DE UMA IMENSA SERPENTE QUE OS ENGOLIU. A VOLTA, PELAS PAREDES, HORRORES SEM NOME SE LANÇAM SOBRE O ASTRONAUTA, PROTEGIDO POR UMA RÉSTIA DE LUZ.

O comandante Dario se arrasta pelos corredores, se esgueirando entre escuridões pegajosas e coleantes, arfando sem ar, e suando copiosamente, tentando manter-se concentrado em chegar a nave. Ele chegou a sua nave, pegou a maleta que seu engenheiro precisava, e colocou nova bateria na lanterna, mas parece que a própria escuridão estava sugando a energia dela, que se exauria rapidamente. Dario sacode a lanterna e apressa o passo. Mas subitamente o comandante congela. Sua lanterna se paga lentamente diante de seus olhos aterrorizados, e as vozes horrendas aumentam tremendamente, e as criaturas da sombra começam a avançar sobre ele, cuja respiração está cada vez mais acelerada. Súbito, quando ele percebe que a luz vai se apagar, e que os monstros vão devora-lo no esquecimento da noite eterna das entranhas da esfera, ele fecha os olhos, e grita... Mas nada acontece. Ele abre lentamente os olhos, e percebe que está iluminado pelo foco de uma outra lanterna. Alguém veio em seu encontro.

COM. DARIO REIS: (Vozes Murmurando)

“Ramon?”

COM. TALES LUCANO: (Vozes Murmurando)

“Comandante! Dario! Dario! Graças a Deus!”

Foi subitamente que Dario viu que quem segurava a lanterna era um homem morto, um homem morto que o agarrava pela manga do traje, e parecia em desespero.

COM. DARIO REIS: (Vozes Murmurando)

“Porra! Porra! Porra, me solta, me solta, meu Deus! Meu Deus!”

COM. TALES LUCANO: (Vozes Murmurando)

“Graças a Deus! Eu encontrei você! Estava perdido na escuridão!”

COM. DARIO REIS: (Vozes Murmurando)

“Sai de perto de mim! Me solta! Você ta morto!! Você morreu!”

COM. TALES LUCANO: (Vozes Murmurando)

“Não! Não! Não! Olhe, eu sou de carne e osso! Toque meu braço, porra! Estou vivo! Estou vivo!”

Tales agarrava a mão de Dario, que ameaçava soca-lo, e fazia o comandante da Abaddón tocar seu braço e seu rosto. Tales estava em frenesi, e Dario quase tendo um colapso nervoso, mas aos poucos o comandante Reis foi se controlando, então agarrou os ombros de Tales, dizendo:

COM. DARIO REIS: (Vozes Murmurando)

“Eu vi você morrer. Sharon disse que morreu!”

COM. TALES LUCANO: (Vozes Murmurando)

“Estou vivo! Essa mulher que vocês trouxeram está tentando enganar todo mundo! Estou vivo! Ela nem deve ser médica mesmo...”

COM. DARIO REIS: (Vozes Murmurando)

“Ei! Calma! Como assim ‘nós trouxemos’? Sharon veio com você!”

COM. TALES LUCANO: (Vozes Murmurando)

“Merda nenhuma! Essa maluca estava aqui quando cheguei!”

Dario ficou mudo. Por um longo tempo ficou agarrado à lanterna e ao ombro do homem na sua frente, sólido, real. Reis tentou se lembrar da chegada da mulher, e sua expressão foi ficando mais e mais pálida conforme ele lembrava de que achou estranho que a mulher chegasse tão rápido a bordo, pouco depois de a outra nave chegar. Foi rápido demais. Impossível. Ela estava do lado de fora da porta o tempo todo, e quando Tales chegou ela já estava dentro da esfera, por isso ele pensou que ela havia vindo na Abbadón.

COM. DARIO REIS: (Vozes Murmurando)

“Merda! Ramon está sozinho com ela, ela pode pegar ele pelas costas, e acabar com a esfera!”

Dario tomou a lanterna de Tales e correu, desesperadamente pelo túnel escuro. Atrás dele Tales tentava o acompanhar, correndo também, e berrando:

COM. TALES LUCANO: (Vozes Murmurando)

“Não! Vamos embora! Me leve para fora! Me dá essa luz! Ele está morto, teu engenheiro já ta morto! Filha da puta!!! Volta!”

Dario correu o máximo que pode, por todo o caminho de volta, as vezes ouvindo Tales xingando ele atrás de si, as vezes ouvindo gritos de terror do comandante da RX7, mas quando se virava, via o homem vindo correndo atrás de si, e continuava em frente.

Aqueron (*)

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"PARTE VIII

NAS SENDAS ESCURAS: A FERIDA.

1 HORAS E 08 MINUTOS PARA O PRIMEIRO IMPACTO"

O NÚCLEO DA ESFERA ARDIA EM UM PULSAR ASSOMBRADO E ENSANGUENTADO, PINTANDO A PLANÍCIE DE TONS SANGRENTOS. ONDE A LUZ SANGRENTA TOCAVA, BOTAVAM SOMBRAS, QUE DEPOIS SE CONVERTIAM EM PESSOAS FERIDAS, CORRENDO, ENCENANDO O MOMENTO DE SUAS MORTES HÁ TEMPOS, QUANDO A ESFERA SE PERDEU PELA PRIMEIRA VEZ.

Foi quando “eles” começaram a agarra-lo. Dario estava percorrendo a planície, quando percebeu que o núcleo de energia acima dele se incandesceu com uma luz mortiça, venosa  e fantasmagórica. A planície então estava repleta de pessoas. Havia gente correndo apavorada por toda parte, e alguns muito feridos e descarnados. Havia fogo, havia explosões. Mas não havia um único som a não ser um pulsar surdo e assustador que vinha do núcleo de energia lá em cima. Por um momento, Dario divisa o cubo negro, e vê a silhueta de Ramon trabalhando nele. O comandante então perde o senso de direção, e começa a ser contagiado pelo pânico das almas perdidas ali, e começa a gritar, então alguém toca seu ombro, ele se vira, pronto para bater com a lanterna:

COM. DARIO REIS: (Vozes Gritando! Gritando de Horror! De Dor! De Pavor!!)

“Ahhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!”

Mas dedos suaves encostam-se a seus lábios. Sharon, no meio da turba irada de pessoas morrendo, segura o braço de Dario, que hesita em bater nela. Então a médica diz:

SHARON:

“Logo você estará totalmente louco. Mas ainda é um homem prático e sabe que não tem nada a perder... Confie em mim, e feche os olhos, vou te ajudar a não ver essa gente por um momento.”

As pessoas estão sujando Dario com sangue. Ele primeiro faz uma expressão furiosa, e então a escuridão começa a engolfá-lo, e seus olhos vão mudando, de fúria a terror, e sua boca se contorce em um esgar, então ele pisca, e sua expressão é a de um menino morto de medo quando ele vai fechando lentamente e forçosamente os olhos...

DRA. SHARON:

“Abra os olhos... Vamos, abra os olhos...”

Ele abre os olhos, e ouve o mais tenebroso silêncio, e ainda assim fica aliviado por não ouvir mais os que estavam morrendo. Lágrimas escorriam de seus olhos, então ele empurra a mulher para longe de si, e percebe que está ao lado de Ramon, que trabalha no cubo negro. Pouco mais à frente, Tales Lucano está agachado no chão, chorando, balbuciando algo. Não há mais ninguém na planície, apenas o núcleo pulsando, incandescendo em vermelho. Ramon olha para Dario, pega das mãos trêmulas do comandante a maleta, prepara seu PAD, e enquanto aciona a interface, ele diz:

TEN. RAMON MEBARAK:

“Vou desativar isso, comandante. Essa coisa não é um núcleo de energia. É um ferimento, um corte no espaço. Tem que ser cauterizado!”

SHARON:

“O núcleo vai disparar uma rajada de plasma, só que desta vez o engenheiro aqui vai calcular a força do pulso, para fechar a ferida para sempre.”

COM. DARIO REIS:

“Ramon, se essa coisa bater na Tsien, muito vão morrer...”

TEN. RAMON MEBARAK:

“Se o núcleo se abrir totalmente, ele vai atravessar a Tsien, e vai cair na Terra, e toda a superfície do planeta vai ficar igual a esta planície, um gigantesco limbo de gente presa entre duas dimensões, eternamente morrendo.”

SHARON:

“Não há saída, essa ferida purulenta tem que ser fechada aqui.”

com uma raiva indisfarçável no olhar, o comandante Reis fitou Sharon, que ficou impassível diante da ira do homem. Então o primeiro imenso lampejo branco do núcleo iluminou toda a planície por um segundo, e todos sentiram a alma queimar, e gritaram. Dario sentiu-se sendo erguido por alguém, e percebeu ser seu amigo, Ramon, que dizia, em uma voz longínqua, pois parecia que a cada pulso de luz branca, a própria luz abafava o som:

TEN. RAMON MEBARAK:

“Vamos! Vamos embora! Fizemos tudo que pudemos!”

E desataram a correr, todos, correndo como se estivessem sendo seguidos pelo próprio fogo do inferno. Então um tremendo lampejo de luz torna tudo branco.

Aqueron (*)

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"PARTE IX

NAS SENDAS ESCURAS: A VERDADE DERRADEIRA..."

A INTENSA LUZ PARECEU PREENCHER E DESINFECCIONAR CADA MEANDRO DA ESFERA, PREENCHENDO E QUEIMANDO A ESCURIDÃO CHEIA DE PESADELOS. AGORA FINALMENTE A LUZ DIMINUÍA, E OS ASTRONAUTAS EM FUGA CHEGAVAM, DESESPERADOS, AO ÚLTIMO COMPARTIMENTO ANTES DA SALA DA ESCOTILHA QUE LEVAVA PARA FORA DA ESFERA.

Eles precisavam passar daquela porta, precisavam entrar ali, vestir seus trajes, e sair. Nem tentaram chegar ao anel de atracação, ele estava longe. Sairiam o mais rápido possível daquela esfera, e tentariam chegar a nave por fora. Até ficar a deriva no espaço era melhor que morrer ali. Mas de algum modo a última porta antes dos trajes e da liberdade, estava lacrada, e de longe, de trás deles, um terrível rumor, e um ranger terrível de metal, os impelia a fugir antes que tudo fosse destruído, ainda assim, não conseguiam abrir a penúltima escotilha antes do espaço e da liberdade.

COM. DARIO REIS:

“Eu não fechei essa merda assim! Isso parece que foi soldado!”

SHARON:

“Calma, há uma outra saída, e eu vou mostrá-la a vocês.”

TEN. RAMON MEBARAK:

“Meu Deus! Olha a escotilha lá embaixo! Onde foram parar as estrelas?!”

COM. TALES LUCANO:

“Não! Eu não vou morrer aqui! Eu não vou morrer aqui!”

SHARON:

“Não precisa mais se preocupar com isso. Assim que ficarem calmos, vão entender.”

COM. DARIO REIS:

“Cala essa maldita boca, e ajuda a abrir essa escotilha!”

SHARON:

“Ela não pode mais ser aberta, Dario. Ela não dá para lugar algum. Vou mostra a saída...”

Aqueron (*)

TITLE CARD:

"PARTE X

NAS SENDAS ESCURAS: DEIXAI AQUI, Ó VOZ QUE ENTRAIS..."

A INTENSA LUZ DO NÚCLEO JÁ SE APAGA, E A PLANÍCIE A VOLTA DO NÚCLEO DE CONTROLE COMEÇA A VOLTAR A ESCURIDÃO, QUE A ENGOLIA, COMO SE ELA, A PLANÍCIE, E TUDO MAIS, JAMAIS TIVESSEM EXISTIDO.

Enquanto as últimas réstias de luz se esgotam, percebemos que tudo parece estar envolto em uma luz mais suave, como a luz do luar, e que a planície não está de todo deserta, existem três homens ali, estendidos no chão, pegos pelas costas pela tremenda rajada de plasma do núcleo, os homens jazem, mortos, Dario, Ramon, e Tales. Mas ainda assim, nossa visão deste mundo moribundo passeia pelos corredores, perfazendo o caminho agora de fuga, e passa pelas almas dos homens mortos, que tentam, desesperadamente e em vão, abrir uma escotilha que jamais os deixará sair. Atravessamos a porta de aço, e vemos os rostos desesperados das almas que estão sendo levadas da vida no visor da escotilha trancada. Tudo está ficando escuro, enquanto passamos pelas silhuetas dos trajes espaciais. Então mergulhamos em direção ao chão, e atravessamos a última escotilha, enquanto os rostos na janelinha lá atrás se perdem na escuridão, e estamos fora da esfera, e nos distanciando dela, longe, cada vez mais longe.

CONTROLE DA MISSÃO DE BUSCA E SALVAMENTO:

“Abaddón RX4, ainda não recebemos seus relatórios. Estamos detectando uma perda considerável de massa da esfera... O que está acontecendo por aí?”

Lentamente a esfera mergulha de novo no esquecimento, levando consigo os homens que foram escolhidos por alguém do outro lado para fechar este caminho entre os mundos. Lentamente a esfera vai se desmaterializando.

CONTROLE DA MISSÃO DE BUSCA E SALVAMENTO:

“Abaddón RX4! Onde vocês estão? Não temos contato de radar! Nós perdemos eles...”

FIM

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Aqueron (Roteiro de Telefilme) de Wagner RMS está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. Podem estar disponíveis autorizações adicionais às concedidas no âmbito desta licença em contato.c7i@gmail.com.


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4 years ago
#Repost @fraternidadedeescritores . 《A Terra Estranha》 . Para Que A Humanidade Abandone Sua Infância,

#Repost @fraternidadedeescritores . 《A Terra Estranha》 . Para que a humanidade abandone sua infância, nestes tempos em que o obscurantismo ameaça nosso futuro, é preciso menos muros e mais pontes que conectem pessoas com pensamentos e vidas distintas em um único sentimento de união. Munido de empatia, você sente o lado da outra pessoa e constrói dali para si o caminho de paz e convivência produtiva. Vejamos: . Nascido em 07/06/1907, em uma família que se gabava de ter participado de todas as guerras dos EUA, desde a independência. Lutou para entrar para a marinha, graduando-se engenheiro. Lotado no porta-aviões USS Lexington, foi um dos 1ºs especialistas em radiocomunicações. Após dois enlaces frustrados, casou-se com Virginia Gerstenfeld, com quem viveu até o fim da vida. Contraiu tuberculose e foi reformado pela marinha. Após muitas tentativas de recolocação profissional, começou a escrever para pagar sua hipoteca. . Foi o 1º autor de ficção científica a sair do gueto das revistas Pulp, abrindo caminho para o gênero ser levado mais a sério. Acreditava que não se pode escrever FC sem base na ciência assim como é impossível escrever um romance histórico sem conhecimentos de história. Criou o termo Ficção Especulativa e o fascinante conceito O Mundo Como Mito, onde a ficção é real. Estende sua influência literária até hoje. Até Mechas nipônicos têm raízes nos trajes blindados das Tropas Estelares do autor. Ele foi uma dos Três Grandes da FC em inglês, ao lado de Clarke e Asimov. . Rejeitava explicitamente o racismo. Criava personagens femininas competentemente técnicas, embora muitas vezes estereotipadas. . Foi acusado de apologia ao militarismo e à guerra, até de fascista ao descrever futuros onde a sociedade funcionaria (bem) sob regimes essencialmente militares. Defendia a liberdade sexual e a eliminação do ciúme sexual, o individualismo e o nudismo. Apoiava testes nucleares norte-americanos, ao passo que era descrito como exemplo de generosidade. . E aí, quantas pontes existem entre você e Robert A. Heinlein? . Algumas obras: Um Estranho em uma Terra Estranha, Tropas Estelares Por Wagner RMS . #fraternidadeescritores #RobertAHeilein #sci-fi #WagnerRMS https://www.instagram.com/p/CLL66ZzjWbc/?igshid=o48ooaxf3vs4


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3 years ago
Olá! Seja Bem-vinda, Seja Bem-vindo A SEMANA DA FANTASIA Da Fraternidade De Escritores! . Seis Dias

Olá! Seja bem-vinda, seja bem-vindo a SEMANA DA FANTASIA da Fraternidade de Escritores! . Seis dias dedicados aos nossos autores de Fantasia! . Venha saber uma pouco mais de cada um deles e conhecer seus livros! . Acompanhe a nossa programação de postagens e Live! . 23/10 - sábado - Mione Le Fay @mionelefay - Terras Além de Avalon - A corte Fae . 24/10 - domingo - Cristhophen Nobrega @autorcrisnobrega - Os Cinco Pilares . 25/10 - segunda - Silvia Kaercher @silviamkaercher_escritora - O Dragão e a Coruja . 26/10 - terça - Derek Volker @derek.volker - Lâmina da Fúria . 27/10 - quarta - Wagner RMS @wagner.rms - Mônica . 27/10 - quarta - Live, às 19h30 Assunto:Fantasia Participantes fraternos:Tadeu e Paulo Convidado: Raphael Fraemam @sagakrystallo . 28/10 - Raphael Fraemam @sagakrystallo - Saga Krystallo . Gostou? CURTA, COMENTE, SALVE E COMPARTILHE! . Reposted from @fraternidadedeescritores https://www.instagram.com/p/CVazJJsLPRl/?utm_medium=tumblr

4 years ago
No Terceiro Livro Da Série Space Opera C7i: A Terra é Atingida Por Naves Bombas, Lançadas Por Separatistas

No terceiro livro da série space opera C7i: a Terra é atingida por naves bombas, lançadas por separatistas da colônia lunar, e, enquanto a Agência enfrenta mais uma crise, Milena e Borges, por meio do misterioso No-one, descobrem um horrendo segredo que mostra até onde a Agência pode chegar. __________ @fraternidadedeescritores #scifibrasil #ficçãocientífica #blackfriday #WagnerRMS https://www.instagram.com/p/CIFBi46jg7d/?igshid=16aw6936scpib


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